Está na hora de falar um bocadinho sobre alimentação e suplementação. Porquê? Porque há muitos mitos e porque já estou farta, fartinha de ouvir coisas como “cuidado com essas porcarias que andas a tomar” ou “isso é daquelas drogas que os tipos dos ginásios tomam” cada vez que a whey calha na conversa.
Atenção: não sou nutricionista, não pesco um atum de desporto, pelo que neste artigo verão informação básica e acessível para a pessoa comum. Não se esqueçam da importância de um regime alimentar diversificado e da prática de estilos de vida saudáveis.
Infelizmente, apesar de vivermos numa época em que temos toda a informação que quisermos ao nosso alcance, há muitas pessoas que ainda não se dão ao trabalho de pesquisar. E, meus amigos e minhas amigas, quando desconhecemos algum assunto, o melhor é mesmo aprender. Não se sintam culpad@s em demasia, que estamos cá para nos ajudarmos uns aos outros e tenho a dizer-vos que mesmo dentro da área da saúde, há muitos profissionais que não sabem o que é a whey. Na verdade, nem sequer há muitos estudos conclusivos (que eu tenha encontrado) sobre o consumo e os efeitos da whey nalgumas situações específicas (a gravidez é uma delas).
Por mim falo, gosto muito de saber o que estou a ingerir, mas o facto é que há muitas pessoas que utilizam este suplemento e nunca, sequer, se questionaram sobre o que é e para que serve. A whey é proteína do soro do leite. O soro do leite é o líquido excedente da transformação do leite em queijos e caseína. Até ganhar a forma de “farinha” que nos é familiar e utilizado como suplemento, é processado:
- É desidratado
- Pode ou não ser-lhe conferido algum sabor
- Pode levar outros aditivos
E é aqui que podem existir reticências. Nem sempre é fácil aferir a qualidade de uma determinada marca ou tipo de whey. Muitas vezes, sem que o consumidor se aperceba, foram adicionadas farinhas e derivados de ovos e afins, e não é o que se pretende. Desconfiem sempre do que é muito barato.
Porém, quando se trata de um produto de boa qualidade, o seu consumo pode ser benéfico. Existem vários tipos de whey, conforme podem perceber (se não sabem já!) pelas diferentes embalagens nos diferentes sítios que a comercializam, e que se adequam a diferentes finalidades/necessidades:
- Há a isolada (que é a que consumo), que é a mais “simples”. É quase toda ela proteína, sem hidratos de carbono ou outros açúcares.
- Há a hidrolisada, efectivamente mais conhecida/utilizada por desportistas já que passou por um processo que transformou em peptídeos mais pequenos e, consequentemente, absorvidos mais facilmente e de forma mais rápida.
- Há a concentrada, que é mais calórica e contém uma série de hidratos de carbono, dos quais boa parte se resume a lactose.
Há que salientar a importância dos alimentos “simples”, essenciais e por si só suficientes para darem estrutura a um bom regime alimentar. Contudo, como noutras coisas, existem “alavancas”, ferramentas que nos podem ajudar a alcançar ou manter um determinado resultado. É aqui que entram os suplementos como a whey. Tem calorias, como tudo o que ingerimos. É uma proteína, as proteínas são essenciais na estrutura dos nossos tecidos, são usadas na produção de tecido muscular e reparação de tecidos danificados.
Há situações em que necessitamos de um maior aporte proteico – como a gravidez e a amamentação, para além da prática desportiva. É desta última que surge a fama da whey enquanto suplemento na manutenção da massa magra, ainda que seja também é um auxiliar importante nalguns regimes alimentares – em especial os que potenciam a perda de peso, embora também possa ajudar muito no processo inverso, quando o objectivo é “engordar”.
O que é que a whey tem de tão fantástico? Promove a saciedade e ajuda na tal questão da manutenção estrutural dos tecidos do corpo. Quando aliada à prática de exercício físico, ajuda a perder massa gorda e ganhar massa magra (músculo), ajuda a acelerar o metabolismo, dá energia e ajuda a evitar o cansaço e alguns transtornos associados.
A forma mais comum de a consumir é em batido, mas pode ser utilizada em 1001 receitas diferentes (se tiverem por aí alguma daquelas bem boas que merecem ser partilhadas, façam favor!).
Não consumo whey há muito tempo, confesso: desde ouvir falar (que também desconhecia do que se tratava) a experimentar, passaram tempos valentes e só há pouco mais de meio ano é que a integrei no meu regime alimentar. Depois de saber que estou grávida, fiz questão de esclarecer que não seria maléfico e adaptei dentro do que já comia. Por que haveria de excluir uma fonte tão boa de proteína se, ainda por cima, estou numa fase em que preciso tanto dela?
Mas façam o que eu digo, não façam o que eu faço: estou só a tentar desmistificar a whey e quem vos pode ajudar a decidir melhor sobre o seu consumo são os profissionais de saúde que vos acompanham habitualmente, nomeadamente os nutricionistas.
Não se esqueçam que tudo o que é de mais faz mal! O consumo excessivo de proteínas potencia o risco de formação de cálculos renais e doenças cardiovasculares, entre outros problemas. Para além disso, e se o vosso propósito é perder peso, não se esqueçam: as calorias estão lá na mesma e continuam a ter de equilibrar e variar o que ingerem, para além de que não se deve investir numa dieta hiperproteica por longos períodos de tempo nem desvalorizar a prática de exercício físico.
O post Whey – O que é e para que serve? foi escrito originalmente no blog A Guida É que Sabe | Margarida Canas.